cover
Tocando Agora:

Pastor, professor e major: número de candidatos a vereador com nomes ligados a religião, educação e segurança diminui em PE

Nomes vinculados à área da saúde tiveram aumento. Total de candidatos a vereador no estado é o terceiro menor dos últimos 20 anos, de acordo com TSE. 1º ...

Pastor, professor e major: número de candidatos a vereador com nomes ligados a religião, educação e segurança diminui em PE
Pastor, professor e major: número de candidatos a vereador com nomes ligados a religião, educação e segurança diminui em PE (Foto: Reprodução)

Nomes vinculados à área da saúde tiveram aumento. Total de candidatos a vereador no estado é o terceiro menor dos últimos 20 anos, de acordo com TSE. 1º turno das eleições acontece no dia 6 de outubro Justiça Eleitoral O número de candidaturas a vereador com alguma denominação religiosa nos nomes de urna passou por uma redução de 35% nas eleições de 2024, em relação ao pleito de 2020. Também houve redução de 26% nos candidatos com nomes ligados à educação e de 27% nos que se apresentam como vinculados à segurança e forças armadas. Por outro lado, os dados estão disponíveis na plataforma Divulgacand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que também mostram que, na primeira eleição após a pandemia de Covid-19, cresceu o número de candidatos com nomes vinculados à saúde. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE 🗳️ Acompanhe a cobertura das eleições em Pernambuco No total, o número de candidatos a vereador em Pernambuco sofreu uma forte redução, de 24%, no comparativo com 2020: foram 14.930 candidaturas, contra 19.764. Com a diminuição de mais de 5 mil candidatos, o número atual é o menor das últimas quatro eleições e o terceiro mais baixo dos últimos 20 anos. Confira os números de candidatos dos últimos 20 anos: 2004: 13.631; 2008: 12.700; 2012: 15.982; 2016: 17.919; 2020: 19.764; 2024: 14.938. De acordo com levantamento do g1, em 2024, 680 candidatos apresentaram alguma denominação religiosa no nome de urna, que é a forma como as candidaturas são oficializadas no TSE. Em 2020, eram 1.051. É importante ressaltar que candidaturas podem ter ligação religiosa sem isso estar expresso no nome do candidato. O mesmo vale para as outras áreas. Entre as denominações mais comuns estão “irmão” (322 nomes), “irmã” (151), “pastor” (98) e “pastora” (22). “Missionária” está no nome de urna de 21 candidatas, enquanto “padre” está em 12. A palavra “igreja”, que estava presente em 17 candidaturas em 2020, caiu para seis em 2024. O doutor em religião e mestre em teologia Liniker Xavier afirma que a queda de mais de um terço nas nomenclaturas de cunho religioso aponta para um possível desgaste do segmento. "Depois da excessiva visibilidade política da religião nos últimos anos, com a ascensão do bolsonarismo, as igrejas estão indo em busca de outras formas de apelo identitário", afirmou. Entretanto, Liniker Xavier também acredita que a queda de denominações religiosas pode significar, mais do que enfraquecimento, uma mudança de abordagem. "A redução não necessariamente é uma perda de influência política das igrejas evangélicas. Além da queda no número geral de candidaturas, há que se considerar uma reconfiguração estratégica onde o apelo à religiosidade explícita através do cargo eclesiástico junto ao nome pode estar cedendo espaço para uma abordagem menos ostensiva, mais ampla. Até mesmo para captar os votos que estão para além dos evangélicos, mas que se identificam com a ideal de moralidade cristã", afirma. Educação, segurança e saúde Não apenas o número de candidaturas com nomenclaturas religiosas para o cargo de vereador declinou em 2024. O mesmo aconteceu com nomes de urna com menções a profissionais de educação e forças de segurança. No campo da educação, a redução foi de 26%, caindo de 581 candidatos para 428. Entre os nomes mais comuns, estão “professora” (233) e “professor” (157). No quesito segurança, o declínio foi de 27%, com queda de 145 para 104 candidaturas, com “sargento” (41) e “major” (11) sendo os nomes mais encontrados nas urnas. Para o doutor em Ciência Política Bhreno Vieira, o declínio das candidaturas militarizadas está relacionado com a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha presidencial de 2022. "Muitos partidos políticos, principalmente de uma direita mais tradicional, estão receosos de abrir mais espaço para candidatos que venham de forças militares, seja do Exército, seja da Polícia Militar ou Polícia Civil", disse. Em contrapartida, o setor da saúde apresentou crescimento, mesmo com a forte queda no total de candidaturas neste pleito. Candidatos a vereador no estado com alguma citação referente à área somaram 757, o que representa 12% a mais do que em 2020. Os termos mais encontrados são “saúde” (317), “dr.” (148) e “enfermeiro”(96). No caso dos enfermeiros, a alta no número de candidaturas foi a mais expressiva, com 35%. Bhreno Vieira destaca que o pleito é o primeiro pós pandemia. "Muitos médicos, enfermeiros, profissionais de saúde, como agentes comunitários, agentes sociais, ligados à esfera da saúde, ganharam um grau de evidência muito forte e, principalmente, tiveram com o caso da pandemia uma fonte de argumento muito boa para conseguir conquistar o apreço e um grau de evidência por parte da opinião pública e da atenção dos eleitores", afirmou. Redução de candidaturas A diminuição do número de candidatos a vereador não se restringe a Pernambuco. Em 2024, são 430.571 candidaturas para as Câmaras Municipais de todo o Brasil. São quase 90 mil a menos do que em 2020, o que representa queda de 16,8%. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), essa é a primeira eleição municipal após a Lei 14.211/2021, que alterou o Código Eleitoral e a Lei das Eleições (Lei 9.504/97). Foi reduzido o limite de candidaturas que um partido político poderá registrar nas eleições proporcionais. Agora, o número de registros de candidaturas será igual a 100% +1 das vagas a preencher na Câmara de Vereadores da cidade — antes o limite era de 150% a 200% das vagas. "Na casa legislativa que tiver dez cargos de vereadores, cada partido político só poderá inscrever dez candidatos mais um", exemplifica o juiz auxiliar da presidência do TRE-PE, Breno Duarte. Outro ponto indicado pela Justiça Eleitoral para o menor número de candidaturas é a redução populacional apontada pelo Censo 2022 em várias cidades do país, como foi o caso do Recife. A capital pernambucana terá dois vereadores a menos em sua Câmara Municipal a partir de 2025, saindo de 39 para 37 cadeiras. LEIA TAMBÉM: Número de candidatos à Câmara do Recife reduz em 42,5% em 2024; entenda o porquê Confira os vereadores mais votados do Recife desde redemocratização De Paulista a Solidão, veja concorrência por votos na eleição para vereador em PE Polarização No campo da polarização, marcado entre as correntes políticas do presidente Lula (PT) e de seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro, há mais candidaturas com nomes atrelados ao petismo que ao bolsonarismo. Ao todo, 20 candidaturas a vereador em Pernambuco levam o nome “Lula”, o que não necessariamente está atrelado à figura do político, já que pode ser um nome ou apelido próprio de cada candidato. Ainda assim, a redução foi de 35% quando comparado a 2020. Já os nomes de urna com “PT” somaram dez, cinco a menos que no pleito anterior. No caso do ex-presidente, em 2020, havia quatro candidatos a vereador com o nome "Bolsonaro". Neste ano, não há nenhum. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias